-É uma boa pergunta pra começar Paulo. Mas não sou eu que dou a resposta.
-Eu não sei. Tirando as dores do acidente acho que estou bem. Lhe perguntei por que não vejo razão para ter que passar por uma pscicologa.
-Agora a vida continua não é? Conversei com sua esposa Daiane. Ela me contou que estão realizando os preparativos para o casamento.
-Sim me lembro, mas está tudo meio confuso ainda.
-O que está confuso? Não se lembra do casamento?
-Não! Me lembro sim, só que não sei. Acho que quase morrer tem sido uma experiência que me chamou mais a atenção do que o casamento. Não consigo parar de pensar no fato de sobreviver, incrivel né?
-Sim. Fica feliz em sobreviver?
- Não é feliz. Acho que por isso que não consigo parar de pensar.
Eu quero viver, não duvide disso, mas me sinto tão indiferente quanto a ter escapado da morte. Eu sempre amei minha vida então não vejo motivos para querer morrer, mas o fato de ter escapado da morte deveria me deixar feliz não devia? E eu me sinto indiferente.
- Paulo, é por isso que estou aqui. Eu vim a pedido da equipe médica que esteve auxiliando em sua recuperação. Existe algo importante que você precisa saber.
-Não tem nada haver com morrer em 6 meses não né? Ou tem?
-Não. Você já se recuperou do acidente e está apto novamente a retornar para sua vida diária. Só que agora você carregará uma sequela que te torna.. Diferente.
- O que aconteceu?
- Seu cérebro foi afetado no acidente. Exitem áreas responsaveis pelos seus sentimentos que não estão funcionando como deveriam e isso pode lhe trazer uma nova visão de mundo. Vim a pedido da equipe para lhe oferecer terapia.
-Como assim? Terapia? SentimentoS? Não entendi o que está ocorrendo.
- Sr. Paulo, você terá dificuldades quanto aos seus sentimentos. Você terá que aprender novamente como sentir. E é pra isso que estou aqui. Para lhe euxilar.
Cena 2
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